“Sem foco, nenhuma lembrança clara do que estamos aprendendo fica armazenada. Quanto mais os estudantes divagam, menos compreendem.” – Daniel Goleman, Ph.D., psicólogo, autor do best-seller Inteligência emocional
Aprendemos melhor quanto mais estivermos focados, e todos sabem disso, tanto que uma das perguntas que mais respondemos no Gran Cursos Online é sobre formas de aumentar o foco. Não é novidade pra ninguém que, ao direcionarmos cem por cento da atenção ao que estamos fazendo, o resultado é notavelmente melhor. E é assim porque o cérebro se torna palco de uma sucessão de novas conexões neurais, com as informações que chegam sendo organizadas em meio às que já tínhamos. No extremo oposto, se nos deixamos distrair, são ativados circuitos cerebrais que desatam a murmurar coisas sem nenhuma relação com o que estamos tentando executar.
Cada um de nós está sujeito a distrações desse tipo. Elas vêm e vão o tempo todo, sobretudo nesta que é conhecida como Era da Informação. A propósito, eu pergunto: você ainda está focado neste texto, ou já cedeu à tentação de consultar as mensagens no celular ou ver quem curtiu seu último post no Facebook e Instagram? Se abriu um sorriso sem graça e cheio de culpa, esta mensagem é pra você. Faça um esforço para lê-la com atenção. Garanto que vai valer a pena.
Começo falando que foco tem a ver com escolha. Trata-se de optar por uma dentre inúmeras ideias e ficar firme nela pelo tempo que você definiu como adequado. É concentrar-se exclusivamente num ponto, num objetivo, num projeto, numa meta, até se considerar bem-sucedido. É enveredar por estas linhas e não interromper a leitura no meio. Foco é a sua realidade acontecendo neste minuto. Sua, ok? Não interessa a dos outros.
“Foco é dizer NÃO”, resumiu Steve Jobs. É dizer NÃO a tudo aquilo que em nada contribua para a consecução do que você se dispôs a fazer, eu complemento. Pode-se dizer que foco é o grande ativo do século XXI. Sem meias-palavras, é o que, hoje em dia, separa o profissional de sucesso do mediano. A habilidade de manter a atenção exatamente onde, quando e pelo tempo que se quer constitui um dos atributos mais valorizados no mercado de trabalho contemporâneo.
Haverá quem contra-argumente, e com razão, afirmando que, eventualmente, a falta de foco é recomendável. Por exemplo, o jovem empreendedor que está apenas começando a pensar no modelo de negócio que vai montar não deve ter lá a mente muito focada. Ele ainda não sabe o que fazer com seu talento, esforço, economias e tempo. Tem mais é de refletir o quanto for necessário, até se encontrar entre tantas ideias. Precisa manter a curiosidade e a disposição em pesquisar todos os tipos de produtos, mercados e tecnologias que existem. Deve estar com a mente aberta até deparar com algo que lhe encha os olhos, faça a pupila dilatar, o coração disparar e quase sair pela boca. Descobriu sua missão, seu propósito de vida? Definiu o nicho onde quer atuar? Agora, sim, é hora de direcionar o foco, dar toda a atenção possível ao negócio.
O mesmo vale para o iniciante no mundo dos concursos, que ainda está se inteirando sobre as diversas carreiras, em busca de uma com a qual se identifique de corpo e alma. Tudo começa em avaliar todas as que estão disponíveis, com respectivas atribuições, vencimentos, benefícios, formas de progressão e promoção, desafios, responsabilidades, áreas de lotação, e tudo mais que possa ser decisivo. Nessa fase, mente aberta! Quando a paixão por um cargo, carreira ou função despertar, a motivação naturalmente o guiará. O caminho, então, será ter foco TOTAL no projeto da aprovação.
Mas será que existe alguma forma de aumentar nossa capacidade de manter o foco? Para Daniel Goleman, autor da obra FOCO: a atenção e seu papel fundamental para o sucesso, lançado pela editora Objetiva, já na 21ª reimpressão, o funcionamento da atenção é muito semelhante ao dos músculos do corpo. Nos dois casos, se não são utilizados, atrofiam e, se devidamente estimulados, se desenvolvem e fortalecem. Por isso, caro leitor, se você vem tentando aumentar a atenção nos estudos, mas tudo parece distraí-lo – e a não ser que você sofra de déficit de atenção ou hiperatividade, situações em que a ajuda profissional e, eventualmente, o uso de medicação específica podem ser necessários –, é hora de começar a reeducar e fortalecer o “músculo” chamado atenção. Como?
Antes de saber a resposta, é importante compreender que o cérebro humano evoluiu à custa de identificar movimentos suspeitos e ameaçadores na natureza. Portanto, mesmo que treinemos bastante nossa atenção, é provável que, em algum momento, algo nos distraia. É uma questão biológica. Goleman esclarece que, ao optarmos por focar em algo e ignorar o resto, produzimos uma tensão constante – normalmente invisível – no cérebro. A parte de cima meio que “briga” com a de baixo, entende? É como se houvesse duas mentes trabalhando no mesmo corpo: uma que responde pela área mais difícil de controlar, gerenciando, por exemplo, as emoções, e outra onde nascem os pensamentos passíveis de maior controle, de natureza dedutiva, racional, lógica. Em síntese, não controlamos, por inteiro, nem o nosso cérebro, que dizer os nossos pensamentos…
Apesar disso, é possível aumentar um pouco o controle sobre nossa propensão à distração. Pense na atenção como um músculo que pode ser exercitado e fortalecido. Ao notar que perdeu o foco em alguma tarefa, force-se a retomá-lo de onde parou. Se a mente tornar a divagar, repita o processo de trazê-la de volta. E de novo. E de novo. E de novo. Praticando esse exercício com dedicação, há uma boa chance de incrementar sua capacidade de se manter compenetrado.
Existe outro método, inspirado num estudo de neurocientistas da Universidade Emory, conduzido a partir de imagens feitas por ressonância magnética que revelaram muito sobre os processos de cognição. Os pesquisadores perceberam que, durante uma atividade que exige atenção, primeiro o cérebro tende a ativar os circuitos mediais habituais – é quando a mente começa a divagar. Na sequência, outra rede de atenção, a de ênfase, é despertada, e o indivíduo se dá conta de que perdeu o foco. O que acontece a seguir depende do grau de comprometimento dele. A pessoa pode transferir a atenção, por exemplo, para os movimentos da respiração, permitindo que os circuitos de controle cognitivo pré-frontais assumam o comando. Se dominar bem os próprios impulsos, consegue manter o foco ali (note o poder da meditação), vencendo a batalha contra a própria mente. Como em qualquer exercício, quanto mais repetições são feitas, mais forte fica o músculo. Ou seja, maior será o FOCO. Como tudo na vida, é o treinamento que faz a diferença.
Que tal experimentar? Vamos passar a ter mais foco a partir de hoje? É um processo e, como tal, não será fácil, mas é plenamente possível. Tudo é treino. Até isso.
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Gabriel Granjeiro – Diretor-Presidente e Fundador do Gran Cursos Online. Vive e respira concursos há mais de 10 anos. Formado em Administração e Marketing pela New York University, Leonardo N. Stern School of Business. Fascinado pelo empreendedorismo e pelo ensino digital.
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