Como seguir com o coração partido

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Humanos são seres sociais. Nossos relacionamentos nos são tão caros, que têm reflexo direto em nosso humor, nossa felicidade, nosso futuro. Por extensão, também podem impactar os estudos. Tanto é assim, que recebo com frequência mensagens de alunos e seguidores com dúvidas sobre como manter o ritmo nos estudos após o fim de uma relação importante, seja amorosa, seja de amizade, seja de qualquer outra natureza. O que fazer quando estamos com o coração partido? Como seguir em frente? É sobre isso que conversaremos hoje.

Inicio pelo testemunho da juíza de Direito e nossa professora nas carreiras jurídicas Danielle Rolim. Cerca de um ano atrás, em entrevista para o canal Imparável, ela contou que, exatamente uma semana antes da prova objetiva do seu concurso dos sonhos, teve de lidar com um divórcio difícil. E o que ela fez? Canalizou todas as energias e pensamentos para a prova que faria dias depois. Priorizou o sonho de ingressar na magistratura e deixou o resto para resolver mais tarde, depois da aprovação. No mesmo relato, presenteou-nos com uma preciosa dica: “Não dá pra parar a vida por causa dos concursos… E não dá pra parar o concurso por causa da vida… São nossas experiências que nos formam. Você conquista maturidade, sabedoria, por conta das experiências – boas ou más.”

Seria Dra. Danielle uma pessoa fria por ter seguido firme em seu propósito apesar de estar vivendo uma fase tão dolorosa? Claro que não. Ela concluiu que precisava continuar, que o fim do seu casamento já havia lhe causado bastante tristeza. Compreendeu que, antes de tudo, era necessário amar a si mesma e valorizar os próprios sonhos, talvez vivenciando o luto pela separação enquanto batalhava pela concretização de seus projetos pessoais. Entendeu, enfim, que concurso público não considera aspectos da vida pessoal do candidato, então este não pode se deixar dominar por eles se quiser mesmo ser aprovado.

Outro relato que vai ao encontro dessa percepção é o da nossa professora e coordenadora de carreiras policiais, a delegada Luana Davico, que me confidenciou ter posto um ponto final num noivado justamente quando se preparava para prestar concursos. É que o então noivo insistia que ela continuasse na carreira de assessora jurídica e ele em seu emprego, mas Luana pensava diferente, e os dois não conseguiram equacionar essa questão. Para piorar, ela não podia dar ao companheiro a atenção que ele demandava. A decisão de terminar o relacionamento foi, é claro, muito difícil, e, como ela bem observou, no mundo ideal nem sequer precisaria ser tomada. Afinal, tudo que ela queria era o apoio do companheiro durante uma fase que, cedo ou tarde, passaria. Entretanto, as circunstâncias exigiram que ela optasse por ficar só. “Quando chega um momento em que você está querendo ir e a pessoa te segura, você precisa deixar a pessoa seguir a vida dela e você a sua”. Obviamente, veio a fase de profunda tristeza. Luana sofreu, chorou, teve vontade de desistir de tudo, mas preferiu enfiar a cara nos livros, priorizando seu sonho de se tornar servidora pública, sabendo que tudo aquilo teria sido em vão se ela desistisse agora. Finalmente, chegou lá. Não sem cicatrizes, mas chegou.

Você, meu leal leitor, me conhece. É claro que, em busca de orientação sobre a melhor forma de agir quando se está atravessando uma fase de profundo pesar, seja ela resultante do fim de um relacionamento ou do afastamento de alguém especial, tratei de ir em busca de opinião profissional. E foi assim que, conversando com a professora do Gran Juliana Gebrim, psicóloga clínica e neuropsicóloga, compilei as doze dicas a seguir:

  1. Entenda que ser forte não significa jamais sofrer, mas, sim, ter capacidade de seguir em frente apesar do sofrimento.

Cada rompimento tem suas particularidades. Pode ter sido você quem resolveu dar um fim ao relacionamento; pode ter sido o outro envolvido; pode ser, ainda, que a decisão de terminar tenha sido consensual. Talvez vocês tenham sido forçados a se afastar pelas circunstâncias, ou talvez o sentimento que os unia tenha simplesmente acabado. Independentemente da situação, o certo é que você passará por um turbilhão de emoções pelos próximos dias, meses, anos… Estudos revelam que rompimentos podem causar inclusive dor física, à semelhança da abstinência de drogas, o que explica, por exemplo, as recaídas. Ninguém duvida, portanto, que uma separação, a perda de um amigo ou mesmo a morte de alguém especial é algo sério e com implicações bem concretas. Ainda assim, saiba que é possível buscar alguma compensação em meio ao sofrimento, canalizando para si mesmo todo o amor, carinho e paixão que dedicava à pessoa que se foi.

  1. Coloque tudo para fora.

Chore o que tiver de chorar. Se estiver estudando e a tristeza chegar, deixe que as lágrimas caiam sobre as folhas do caderno de resumos, do livro, da apostila, do PDF… O material agora manchado passará a ter maior significado para você, e suas conquistas e vitórias mais valor. Não queira ser alguém de gelo. É ilusão acreditar que você pode.

  1. Trate o momento de crise como um marco para mudar o foco de sua atenção.

Encare a nova fase como uma espécie de licença médica ou, dependendo do livramento, licença-prêmio. Use o tempo para cuidar de si e dos seus sonhos.

  1. Saiba que há etapas bem marcadas no processo de perda e luto.

São elas: NEGAÇÃO (período durante o qual você não acredita no que aconteceu), RAIVA (momento de revolta), BARGANHA (quando você se vê negociando sobre os fatos consigo mesmo ou com Deus), TRISTEZA (fase edificante, na medida em que faz repassar os erros do passado a fim de jamais cometê-los novamente) e, por fim, ACEITAÇÃO. É importantíssimo ter paciência e vivenciar cada uma dessas etapas, ciente de que TUDO PASSA.

  1. Faça uma lista de defeitos da pessoa que se afastou ou do relacionamento que não deu certo.

Antes de ceder ao impulso de uma recaída, rememore as atitudes negativas e os defeitos do antigo parceiro ou amigo. Lembre detalhes ruins da relação que vocês tinham. Isso vai refrescar o cérebro, que aos poucos aceitará melhor a perda.

  1. Guarde numa caixa tudo que lhe traga lembranças indesejadas e só a abra quando você se sentir mais bem-estruturado.

Segundo Dra. Juliana, tal atitude passa uma mensagem de separação e ajuda na cooperação com um fim de ciclo.

  1. Reserve uma hora do dia para pensar no relacionamento que acabou.

Para não cair na armadilha de ficar remoendo o dia inteiro tudo que viveu com a pessoa que não faz mais parte de sua vida, reserve um momento do dia para isso. Aproveite para praticar redação, discorrendo, por exemplo, sobre suas emoções.

  1. Não sucumba ao sentimento da culpa.

É natural acharmos que somos 100% responsáveis pelo fim do relacionamento. Cuidado! Revise qual foi sua real participação em tudo que aconteceu. Analise os fatos com objetividade. Se, por exemplo, o fim decorreu da ausência de empatia do outro, não cabe a você ter simpatia pela ideia de manter proximidade com ele. Lembre-se: o fim é resultado das ações ou omissões de ambas as partes envolvidas.

  1. Movimente o corpo.

Exercícios físicos ajudam muito, acredite!

  1. Não hesite em recorrer aos amigos mais próximos.

É hora de rir um pouco, de divertir-se com aqueles em quem você mais confia.

  1. Continue em sua busca por outro alguém.

Acreditar na possibilidade de encontrar alguém ajudará você a seguir em frente. Pessoas com características e visão de mundo alinhadas com as suas podem estar mais próximas do que você imagina. Esteja atento.

  1. Diga “Chega!”.

Estabeleça um limite para o seu sofrimento. Tudo tem de acabar um dia, inclusive seu luto. A vida é você consigo mesmo, ou com outro amor, ou com outras amizades. O tempo faz milagre.

Como você deve ter notado, nem todas as dicas se aplicam a qualquer situação. Se você tem o coração partido em razão da morte de uma pessoa especial, por exemplo, não caberá fazer uma lista negra dela. Mas você pegou a ideia, não? A vida precisa continuar, apesar dos muitos fins que temos de superar em nossa caminhada. Talvez você esteja na iminência de um recomeço, talvez tenha conseguido uma nova chance, talvez haja alguém logo ali, pronto para acompanhar você em sua jornada. O melhor, não tenho dúvida, está por vir.
Conte sempre conosco em sua busca.

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Gabriel Granjeiro – Diretor-Presidente e Fundador do Gran Cursos Online. Vive e respira concursos há mais de 10 anos. Formado em Administração e Marketing pela New York University, Leonardo N. Stern School of Business. Fascinado pelo empreendedorismo e pelo ensino digital.

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