O que nunca te falaram sobre disciplina

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05 de outubro5 min. de leitura

“Nenhuma disciplina parece ser motivo de alegria no momento, mas, sim, de tristeza. Mais tarde, porém, produz fruto de justiça e paz para aqueles que por ela foram exercitados.” – Hebreus 12:11

Todos temos dentro de nós um Elefante e um Condutor.

Nosso Elefante pesa em torno de sete toneladas, é distraído, estabanado e muito preguiçoso. Adora ficar na zona de conforto, no chamado piloto automático. Gosta do prazer imediato. Coisas “sem urgência”, como fazer um check-up de saúde ou praticar exercícios físicos, não são com ele. Sabe aquelas tarefas mais desafiadoras no trabalho? Ele é mestre em deixá-las para depois. No dia a dia, faz primeiro o que lhe apetece, depois o que lhe parece mais fácil e, se sobrar tempo, o que de fato importa. Não é, em poucas palavras, nada focado.

Nosso lado Condutor é bem diferente. Pesa mais ou menos o mesmo que nós – no meu caso, 84 kg – e, apesar de ser bem mais leve, não tem a menor dúvida quanto à capacidade de carregar nas costas o preguiçoso Elefante. Guia-se pela razão, é ponderado e gosta de planejar muito bem o passo seguinte. Toma decisões com base nos fatos, sendo o grande responsável por nossa dimensão mais analítica. Ou seja, é pragmático, sistemático e organizado.

Infelizmente, segundo as principais pesquisas sobre o tema, uma pessoa normal destina a seu lado Condutor apenas de 2% a 5% da atenção. É muito pouco. Quem almeja sucesso tem de aumentar essa participação e reduzir a do Elefante. É como aconselha a Bíblia (Provérbios 23:12): “Dedique à disciplina o seu coração e os seus ouvidos às palavras que dão conhecimento.”

Ter disciplina é dominar o Elefante. É pautar-se em um propósito nobre a ser pronunciado em alto e bom som todas as manhãs, ao acordar. É monitorar diariamente resultados, comemorando conquistas que, certamente, impuseram algum grau de sacrifício e renúncia. É confiar em si próprio e em uma força maior que ajude a seguir em frente, fazendo pequenas pausas apenas para ganhar fôlego. É dedicar-se à semeadura, sabendo que a colheita refletirá os esforços empreendidos.

A disciplina é uma excelente ferramenta para crescer com constância e solidez. “Não é tudo, mas é 100%”, brincaria meu pai. Não é algo inato, mas desenvolvido. Tal como um músculo, precisa ser exercitada. Vou dar meu testemunho. Considero-me muito disciplinado. Sigo rigorosamente meus horários, faço regularmente meus exercícios físicos, cuido bem da minha alimentação. Se é hora das minhas leituras sobre filosofia e espiritualidade, é nelas que foco. Se é momento de estudar para aprofundar meus conhecimentos sobre empreendedorismo e o mercado em que atuo, nem titubeio. Mas será que nasci assim? Nada disso! Desenvolvi esse controle sobre mim mesmo à custa de muita determinação. Consultei médicos; li a Bíblia Sagrada, entre inúmeros outros livros; pesquisei sites especializados; fui assíduo na escola; me empenhei na faculdade; assisti – e assisto – a sucessivas palestras… Mas talvez o grande “pulo do gato” tenha sido que jamais me contentei em ver e ouvir. Não mesmo, meu amigo, minha amiga. Sempre tratei de colocar imediatamente em prática todo novo conhecimento que adquiri.

Qualquer um de nós é capaz de desenvolver disciplina, independentemente do objetivo. A capacidade de manter o foco varia, é claro, de pessoa para pessoa, mas o que importa é avançar, certo? Para isso, antes de tudo, é preciso ser humilde. Imagine que seu projeto seja perder peso: não me vá prometer a si mesmo emagrecer dez quilos logo no primeiro mês de regime! Imagine que seja abandonar o sedentarismo: nada de jurar ir à academia todos os dias, por três horas seguidas! Imagine que seja conquistar uma boa vaga no serviço público: não cometa o erro de achar que será aprovado para delegado da Polícia Federal na primeira tentativa. Estabeleça metas modestas, realistas, e, à medida que alcançá-las, vá aumentando o desafio, sempre comemorando as pequenas vitórias. Crie uma rotina voltada ao crescimento contínuo, construído dia após dia e apesar de distrações e afazeres cotidianos.

Sendo bem objetivo, a disciplina é alcançada em duas etapas. A primeira delas se desdobra em descoberta do sonho, definição de objetivos e metas, e ação propriamente dita. Nessa fase, entram o desenvolvimento do senso de comprometimento e a clareza do Condutor quanto a aonde quer chegar. Será uma época de entrega absoluta, entende? Um período de fazer o que gosta e o que não gosta. A segunda etapa não é lá muito mais tranquila… Nela, você há de enfrentar, com sangue nos olhos, todos os obstáculos que surgirem em seu caminho. E atenção: será imprescindível ignorar as tentativas do Elefante de fazer você desistir. Será tempo de cair e levantar, e cair e levantar mais uma vez, tudo parte do desenvolvimento pessoal.

Além disso, a disciplina se sustenta em quatro pilares: organização, que pressupõe um plano devidamente registrado, seja numa agenda, seja no bloco de notas do celular; persistência, que nada mais é que aprender a dizer não às tentações; força de vontade, que significa fazer o que tem de ser feito, seja a tarefa agradável ou não; e foco, que é lembrar a si mesmo, a todo instante, o porquê e o para quê (ou para quem) de todo o esforço.

Ter disciplina pressupõe mudança de comportamento. Trata-se de superar adversidades e aprender com elas. É agir proativamente, com ou sem vontade, a despeito de cansaço físico ou mental. É não sucumbir às distrações, ao apelo da cama aconchegante, aos incontáveis programas disponíveis na tevê paga, o churrasco semanal com os amigos… É ir sempre em frente, apesar da preguiça, do medo e da falta de confiança.

A disciplina é a chave para deixar de engordar o Elefante que reside em nosso interior, matando-o à míngua. É fácil? Não, não é. Se fosse, todos seriam servidores públicos bem-sucedidos, ou atletas olímpicos, ou empresários prósperos. É claro que não é fácil, mas a verdade é que está ao alcance de qualquer um. Basta se comprometer e AGIR.

Podemos ser todos treinados no hábito de abrir mão de um prazer imediato e fugaz a fim de batalhar por outro, a ser usufruído mais tarde, porém duradouro. Há muitas técnicas para isso. Hoje citarei apenas duas e ficaria muito satisfeito se você se comprometesse a exercitá-las o quanto antes:

  1. Sabendo que disciplina funciona como um músculo, que pode ser desenvolvido a partir de pequenas ações e comportamentos, escolha, a cada noite, uma única batalha que você pretende vencer no dia seguinte. Quer um exemplo? Hoje, ao se deitar, fale para si mesmo que amanhã você começará sua rotina de estudos uma hora mais cedo. A ideia é simples: traçar uma meta fácil de ser batida, mas que diminuirá progressivamente a força do Elefante que está dentro de você. Seja razoável, realista e honesto consigo mesmo. Cumpra a promessa, custe o que custar, chova ou faça sol, com ou sem preguiça, motivado ou não;
  2. Ciente de que, ao abdicar de prazeres imediatos, seu humor será diretamente afetado, pense em regulá-lo com outras formas de recompensa. Explico: troque o aconchego da cama pela sensação de vitória por ter conseguido se levantar cedo; substitua o prazer momentâneo de consumir um doce pelo orgulho ao ser firme em recusar mais essa tentação; comemore por ter vencido a vontade de se atualizar em uma série qualquer e, em vez disso, haver assistido a quatro videoaulas seguidas.

Em síntese, concurseiro, empodere o Condutor que há em você. Saiba que a disciplina é a ponte para a realização dos seus objetivos. Você quer construí-la? Então decida se prefere ser alguém que faz o que precisa ser feito ou aquela pessoa que fica, passivamente, esperando a vontade chegar.

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Gabriel Granjeiro – Diretor-Presidente e Fundador do Gran Cursos Online. Vive e respira concursos há mais de 10 anos. Formado em Administração e Marketing pela New York University, Leonardo N. Stern School of Business. Fascinado pelo empreendedorismo e pelo ensino a distância.

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