Por que seus resultados estão ruins

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“A gente não se liberta de um hábito atirando-o pela janela. É preciso fazê-lo descer a escada, degrau por degrau.” – Mark Twain

É comum ficarmos insatisfeitos ao analisarmos nossos resultados. O peso mostrado na balança pode estar longe do ideal. O desempenho acadêmico, insatisfatório. Os números atingidos nos simulados e provas de concursos, aquém do esperado… Não importa o que você esteja olhando, entenda uma coisa: de nada adianta culpar a árvore pelo fruto ausente. O problema nunca é o resultado propriamente dito, mas os padrões que levaram a ele, e é preciso atacar cada um, sabendo, desde logo, que costumam estar diretamente relacionados a hábitos ruins.

Que desculpas você costuma dar a si mesmo para justificar um fracasso? Geralmente o atribui a quê? À genética, a alguma circunstância inesperada ou alguém que surgiu em sua vida “só para atrapalhar”? Deixe de se enganar, caro leitor: o que determina um resultado é o nosso padrão de resposta, a nossa reação a um acontecimento. Será muito difícil melhorar os seus relacionamentos sem um esforço da sua parte para se tornar mais gentil. Igualmente, nada mudará em sua carreira se o seu método de trabalho continuar o mesmo. Tampouco o seu desempenho nos concursos melhorará enquanto você não promover mudanças severas em seus hábitos de estudo e de vida. Será impossível, enfim, romper um ciclo qualquer marcado por negatividade e frustração se você não parar de agir de forma a atrair tudo de ruim.

É fácil enxergar o problema, que costuma estar bem à vista. Embora qualquer um consiga vê-lo, poucos percebem o que levou até ele, o tipo de hábito que é nocivo a ponto de desencadear uma sucessão de desventuras. Felizmente, a ciência tem muito a contribuir para que nos tornemos capazes de identificar – e mudar – nossos piores padrões de comportamento.

O primeiro passo é trazê-los para o nível da consciência. Judson A. Brewer, Ph.D., psiquiatra, neurocientista e autor americano, explica a técnica: “No meu laboratório, estudamos como o treinamento em atenção plena – a exemplo de prestar atenção à própria respiração – pode ajudar as pessoas a pararem de fumar.” O cientista descobriu que o simples fato de prestar atenção ao efeito de uma dada ação no organismo parece alterar a perspectiva do córtex-frontal, a parte mais jovem do cérebro, que passa a interpretar o ato como objetivamente bom ou objetivamente ruim. “Dissemos para as pessoas fumarem, mas que fossem curiosas sobre como se sentem ao fazê-lo. Um dos fumantes relatou que fumar ‘cheira a queijo fedido e tem gosto de produtos químicos… tem gosto de m#rd@.’”

A tentativa me soa válida. Que tal avaliar se um hábito seu lhe provoca nojo ou vergonha? Você pode, por exemplo, estar incomodado com um cansaço constante, com o fato de não conseguir acordar cedo ou por estar com sobrepeso… E se você tentasse rever algum comportamento usual que tenha relação com essas condições que tanto o desagradam? Esteja atento ao que você sente durante suas atividades, sendo sincero consigo mesmo, e, se for o caso, abandone as que lhe fazem algum mal. Sua intuição é mais poderosa do que você pensa e pode lhe indicar o caminho para começar uma mudança significativa. Mas é preciso aprender a ouvi-la.

O escritor James Clear, no best-seller “Hábitos atômicos: um método fácil e comprovado de criar bons hábitos e se livrar dos maus”, menciona um estudo conduzido em 2001, envolvendo 248 pessoas e o hábito de praticar atividades físicas regulares. Os participantes foram divididos em três grupos. Aos do primeiro, foi solicitado apenas que informassem quantas vezes se exercitaram no período de duas semanas. Os do segundo deveriam, além de registrar os treinos, ler artigos sobre os benefícios dos exercícios. Os do terceiro tinham de fazer tudo que os do segundo fizeram e ainda elaborar um plano de exercícios, com especificação de local e duração, para a semana seguinte. Na verdade, sendo mais específico, de cada integrante do terceiro grupo era esperado que completasse a frase: “Durante a próxima semana, vou participar de pelo menos 20 minutos de exercícios vigorosos em [DIA], às [HORAS], em [LOCAL]”.

A conclusão foi interessante: no fim do período de análise, 91% dos membros do terceiro grupo se exercitaram pelo menos uma vez por semana, contra 35% dos indivíduos do primeiro grupo e 38% no caso dos que integravam o segundo. A frase que os do último grupo tiveram de completar constitui o que os cientistas chamam de “intenção de implementação”. Em linhas gerais, a fórmula textual para se formalizar uma intenção de implementação é: “Quando a situação X surgir, executarei a resposta Y”. A técnica é especialmente útil se a intenção for criar uma rotina para uma dada hora e um dado local.

Talvez você que me lê tenha passado a vida inteira se julgando um aluno medíocre. Na grande aventura do concurso público, talvez tenha construído uma péssima autoimagem, vendo a si mesmo como um candidato ruim à vaga da sua vida. Não é verdade. Meu palpite é que você tem apenas maus hábitos, que podem ser modificados. Há, por exemplo, quem afirme ser absolutamente incapaz de acordar cedo para estudar, mas consome cafeína em excesso, come alimentos gordurosos tarde da noite, bebe 3 litros de água antes de se deitar e ainda olha o celular ou tablet até o último minuto antes de dormir. Será que essa pessoa é mesmo um ser não matinal, ou simplesmente tem hábitos que a levam a dormir mal, e, por consequência, acordar cansada?

Certo, falo de um jeito que faz soar fácil a mudança de hábitos, mas sabemos que não é bem assim. Minha dica, então, é: comece em pequena escala. Passos curtos levam a grandes avanços, trazendo resultados impressionantes, as chamadas recompensas, que lhe darão ânimo para continuar em busca de outras. É como mover um pedregulho do alto de um morro. Basta um pequeno empurrão, que a velocidade do deslocamento aumentará naturalmente durante a descida. Entenda também que não se trata, exatamente, de eliminar um mau hábito, mas de substituí-lo. Se você tem compulsão por Coca-Cola, mas quer acabar com esse vício e ter refeições mais saudáveis, procure ir substituindo o refrigerante, primeiro por água com gás, depois por água normal. Só mais tarde pare por completo de beber enquanto come. É claro que, no início, o organismo vai reclamar, mas não desista! Continue reprogramando a mente para desativar o mau hábito e ativar outro, melhor.

O método vale para tudo. Não se apegue a rótulos, a padrões que terceiros esperam de você. Se todos na sua família iam mal na escola, é perfeitamente possível você ser o primeiro a ir bem. Se todos que carregam seu sobrenome sempre foram irritadiços, você pode ser a esperança de um tempo de maior serenidade. Se sua vida parece um caos, talvez você tenha um padrão de desorganização que pode tranquilamente romper. Não é porque foi sempre assim que precisa continuar sendo, entendeu? Sempre dá pra fazer diferente. Hoje é dia de um novo começo, de trocar o velho pelo novo, de mudar hábitos e, consequentemente, sua vida.

Combinado?

“É mais fácil vencer um mau hábito hoje do que amanhã.” – Confúcio

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Gabriel Granjeiro – Diretor-Presidente e Fundador do Gran Cursos Online. Vive e respira concursos há mais de 10 anos. Formado em Administração e Marketing pela New York University, Leonardo N. Stern School of Business. Fascinado pelo empreendedorismo e pelo ensino digital.

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